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O mercado de investimentos vem atraindo cada vez mais entusiastas em todo o mundo. O Brasil nos últimos anos teve um grande crescimento, especialmente devido ao estímulo a educação financeira e a facilidade em investir.
A pandemia vem evidenciando as múltiplas formas de desigualdade existentes na sociedade, sendo em níveis de renda, racial ou demográfica. Grande parte dos mercados emergentes enfrentam de maneira mais intensa os desafios de saúde, conflitos políticos e um isolamento do resto do mundo - uma certa desglobalização. Além disso, observamos a exposição das fragilidades das cadeias globais de suprimentos, o que potencializa ainda mais os impactos econômicos nos países.
Essa situação influencia as perspectivas de investimentos, que passam a valorizar cada vez mais a sustentabilidade, a responsabilidade corporativa, a macropolítica, a resiliência das empresas e dos países - esses fatores serão significativos para os resultados dos investidores.
A resiliência corporativa pode ser considerada uma característica que mede a capacidade de resistir a momentos de crise e retomar suas atividades de maneira ágil e eficiente. Por isso, ouvimos tanto falar sobre o assunto nos dias de hoje. A resiliência acaba então sendo um dos fatores essenciais de confiabilidade para realizar um investimento, afinal de contas garante que a empresa tem uma boa gestão de riscos e baixa volatilidade do negócio.
A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, fez uma pesquisa que estabeleceu uma correlação entre os fatores de desempenho mais tradicionais como a resiliência e a sustentabilidade: como conclusão, empresas mais sustentáveis são mais resilientes durante as crises. Alem disso, os resultados indicaram que em uma pandemia com um impacto tão devastador na nossa vida cotidiana, empresas com histórico de boas relações com os stakeholders, uma cultura corporativa estruturada, ou com conselhos robustos, estão demonstrando desempenho financeiro resiliente.
No entanto, os fatores mais tradicionais não descrevem efetivamente o conjunto de atributos que vem a impactar a resiliência de uma empresa. É nesse sentido que a definição ESG constantemente amplia a sua abrangência e visibilidade. O termo vem do inglês Environmental, Social & Governance, ou seja, conectam melhores práticas ambientais, sociais e de governança; São critérios que associam as empresas que possuem em sua missão e operação um propósito de geração de impacto positivo para o planeta, respeitando as normas ambientais, éticas e legais.
Esse não é um conceito novo no mercado financeiro, mas vem cada vez mais ganhando visibilidade e crescimento. Já mencionada nesse texto, a BlackRock em 2020, anunciou uma mudança completa em sua carteira, colocando em lugar central os investimentos sustentáveis, removendo o apoio a empresas de alto risco ambiental ou social por exemplo. Segundo estudo do US Trust, mais de 75% dos Millenials tem interesse em investir em fundos ESG, e o Bank of America já potencializa um mercado de aproximadamente US$ 20 trilhões para investimentos ESG, o equivalente a 80% do valor de mercado das 500 maiores empresas americanas. Aqui no Brasil, a XP Investimentos criou recentemente uma área de Sustainable Wealth, sendo a primeira instituição financeira brasileira a abrir uma frente direcionada para integrar os temas ESG a gestão de patrimônio dos clientes.
Tudo isso demonstra mais uma vez o momento de virada que estamos passando. São cerca de U$ 80 trilhões movimentados atualmente no mercado global de fundos, onde cerca de US$ 10 bilhões estão em produtos ESG. Porém esse número cresce de maneira acelerada - no começo do ano passado, representava apenas US$ 4 bilhões do total. A sustentabilidade passa a ser a chave para uma retomada econômica, e com essa reinvenção também do sistema financeiro caminhamos para uma transformação global.
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The investment market is attracting more and more enthusiasts around the world. Brazil in recent years has seen great growth, especially due to the encouragement of financial education and the ease of investing.
The pandemic has been showing the multiple forms of inequality that exist in society, whether at income, racial or demographic levels. Most emerging markets face health challenges, political conflicts and a certain isolation from the rest of the world more intensely - deglobalization. In addition, we observe the exposure of weaknesses in global supply chains, which further enhances the economic impacts in countries.
This situation influences investment prospects, which increasingly value sustainability, corporate responsibility, macro-politics, the resilience of companies and countries - these factors will be significant for the results of investors.
Corporate resilience can be considered a characteristic that measures the ability to withstand moments of crisis and resume its activities in an agile and efficient manner. That's why we hear so much about it these days. Resilience then ends up being one of the essential reliability factors for making an investment, after all it ensures that the company has good risk management and low business volatility.
BlackRock, the largest asset manager in the world, conducted a survey that established a correlation between more traditional performance factors such as resilience and sustainability: in conclusion, sustainable companies are more resilient during crises. In addition, the results indicated that in a pandemic with such a devastating impact on our daily lives, companies with a history of good relations with stakeholders, a structured corporate culture, or with robust boards, are demonstrating resilient financial performance.
However, the more traditional factors do not effectively describe the set of attributes that come to impact a company's resilience. It is in this sense that the ESG (Environmental, Social & Governance) definition constantly expands its scope and visibility. These are criteria that associate companies that have in their mission and operation a purpose of generating a positive impact on the planet, respecting environmental, ethical and legal standards.
This is not a new concept in the financial market, but it is increasingly gaining visibility and growth. Already mentioned in this text, BlackRock in 2020 announced a complete change in its portfolio, placing sustainable investments at the core business, removing support for companies with high environmental or social risk, for example. According to a study by the US Trust, over 75% of Millennials are interested in investing in ESG funds, and Bank of America already leverages a market of approximately $ 20 trillion for ESG investments, equivalent to 80% of the market value of 500 largest American companies. Here in Brazil, XP Inc recently created a Sustainable Wealth area, being the first brazilian financial institution to open a front focused on integrating ESG themes into the management of clients' wealth.
All of this demonstrates once again the turning point that we are going through. There are approximately US $ 80 trillion in the global fund market, where about US $ 10 billion are in ESG products. However, this number is growing rapidly - at the beginning of last year, it represented only US $ 4 billion of the total. Sustainability becomes the key to an economic recovery, and with this reinvention of the financial system too, we are heading towards a global transformation.
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