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Foto do escritorGustavo Loiola

Uma nova liderança para novos tempos

A sociedade cada vez mais tem questionado o posicionamento das empresas em relação aos problemas que enfrentamos diariamente. O conjunto de stakeholders - como clientes, funcionários, investidores, fornecedores, ONGs - cobram protagonismo frente a questões sociais e ambientais, como a grande gama de desigualdades existente no planeta ou as mudanças climáticas.

Consequentemente, percebemos que o conceito de sucesso empresarial mudou, considerando não só um desempenho financeiro satisfatório, mas também uma série de outros fatores. Um negócio de sucesso hoje em dia, é aquele que atende as necessidades da maior quantidade de pessoas possível, utiliza os recursos naturais de maneira eficiente e - mais importante - engaja e se relaciona com a maior parte dos seus stakeholders.

Essa é uma virada importante ao entendemos que a construção de um planeta mais sustentável e justo é um papel de todos, inclusive do setor corporativo. A conta é simples: nenhuma empresa irá prosperar em um planeta cheio de desigualdades, miséria e problemas ambientais.

Mas como avançar em uma agenda de sustentabilidade dentro das empresas?

É um consenso que a cultura empresarial é a forma mais efetiva de implementação de uma estratégia de sucesso, por isso que a sustentabilidade deve ser um tema tratado de maneira transversal e que permeie todas as dimensões da organização. Porém uma figura é essencial para todo esse processo: a liderança; Líderes inspiradores e defensores do tema estimulam uma ação top-down, acelerando processos, construindo metas e executando ações.

O estudo Leadership for the Decade of Action lançado em junho pelo Pacto Global da ONU e a consultoria Russell Reynolds, ouviu CEOs do mundo inteiro e constatou que 92% deles acreditam que a integração da sustentabilidade é um fator importante de sucesso para o futuro dos seus negócios - porém apenas 48% dizem que estão implementando a sustentabilidade em suas operações e ainda, só 21% acreditam que os seus negócios estão “fazendo a diferença” no atendimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. A pandemia do Coronavirus expôs grandes fraquezas em nosso sistema global e a necessidade que temos de um novo tipo de liderança. Com esses resultados percebemos que o entendimento da importância da sustentabilidade existe, mas ainda falta a ação.

Volto aqui a falar sobre a necessidade de uma cultura de sustentabilidade. Isso passa pelo processo de seleção de novos talentos, ou seja, o que as empresas valorizam ou exigem quando selecionam seus líderes tem grandes impactos para a estratégia e cultura organizacional. Apesar de vermos uma mudança nas expectativas dos stakeholders e do mercado, pouco se traduz em efetivas mudanças no perfil das lideranças da maioria das empresas.

O que seriam então as habilidades ideais para que um líder possa ser considerado sustentável?

O estudo da Russel Reynolds analisou o perfil de 55 CEOs e board members do mundo todo, gestores que tem uma relação conhecida com a sustentabilidade ao integrá-las em estratégias de negócio. O objetivo era entender as motivações e características que os tornam líderes com um mindset sustentável.

A definição de mindset sustentável se aproxima do propósito de cada um, que entende o negócio não apenas uma atividade econômica isolada, e sim que se relaciona com o contexto social e ambiental da sociedade, operando para ter sucesso a longo prazo. A gestão de um líder com esse modelo mental alinha os aspectos mais tradicionais do negócio com essas crenças e também valores pessoais.

Os atributos desses líderes podem ser resumidos no framework abaixo:



Pensamento sistêmico multinível


Os desafios que enfrentamos nos dias de hoje são complexos e sistêmicos por isso exigem novas formas de lidar. A colaboração é essencial para isso, e para tanto empresas devem se conectar com outras empresas, organizações, governos e academia. O ODS 17, discute a necessidade de parcerias para acelerar e construir soluções em conjunto. Ao reconhecer a interconectividade do ecossistema no qual seus negócios operam, esses líderes defendem e impulsionam resultados positivos ​​gerenciando riscos de maneira eficaz e identificando oportunidades de crescimento de longo prazo.


Inclusão de stakeholders


Esse ano no Forum Econômico Mundial, o alemão Klaus Schwab clamou pela necessidade de migrarmos para um capitalismo de stakeholders, onde as partes interessadas possam fazer parte da estratégia dos negócios.

Os líderes sustentáveis ​​não apenas gerenciam os stakeholders, mas sim os incluem a fim de tomar decisões mais assertivas que geram valor para todas as partes interessadas. Isso muda o jogo, ao criar uma relação de confiança e parceria que aumentam as capacidades e o impacto da organização.


Inovação disruptiva


Mais uma vez aqui vemos a inovação como uma aliada da sustentabilidade. Os participantes do estudo reconhecem que a transformação necessária para fazer um progresso real em direção aos ODS não acontecerá por meio de melhorias incrementais nos modelos de negócio tradicionais e sim com inovações disruptivas e exponenciais. A desburocratização de processos e o empoderamento dos times da organização ajudam a impulsionar a inovação necessária para encontrar novas soluções que conectam lucratividade e sustentabilidade.

Visão de longo prazo


Para entender a sustentabilidade é necessário exercitar o olhar para o futuro. O pensamento a longo prazo está relacionado a perenidade do negócio e demonstra inteligência ao refletir e projetar os potenciais riscos e impactos que podem vir a surgir. Líderes que não pensam a longo prazo podem perder oportunidades de inovar em relação à sustentabilidade, desenvolver seu capital humano, expandir para novos mercados, aumentar sua base de clientes, criar eficiências em seus processos produtivos e gerenciar com eficácia os riscos sociais e ambientais.


É evidente que não existe uma receita de bolo. Porém ao analisar os dados do Estudo é possível perceber que o mindset sustentável desses líderes convergem em tópicos que podem ajudar no processo de seleção e desenvolvimento de pessoas para assumirem posições estratégicas dentro das organizações. Como mencionei anteriormente nesse artigo, a sustentabilidade deve ser transversal à estratégia corporativa e para tanto a cultura é parte essencial para promover a mudança sistêmica necessária.


Vamos juntos?




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