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Foto do escritorGustavo Loiola

Será o fim do ESG?

Os encontros para debater questões climáticas sempre atraem foco e atenção de diferentes stakeholders ao discutir metas, expectativas e intenções relacionadas a uma transição global justa.

Durante a minha participação em um desses eventos, o Brazil Climate Summit, que aconteceu na Columbia University nos dias 13 e 14 de Setembro (2023) , fiz algumas notas e gostaria de compartilhar alguns aprendizados por aqui. Dividi esses pensamentos em três tópicos:



Desafios e oportunidades para o Brasil

Primeiramente é importante reforçar a importância de um evento como esse que trata do papel e protagonismo que o Brasil tem na agenda climática. Aliado aos nossos compromissos assumidos no Acordo de Paris e a transformação do mercado, existe um oceano de oportunidades para o nosso país, ao buscar um processo de descarbonização, agricultura sustentável, proteção da biodiversidade e geração de soluções baseadas em natureza. Dentro das conversas uma fala que me chamou a atenção reforçou uma visão que compartilho: o mundo todo olha para o Brasil e as oportunidades que temos por aqui, falta o Brasil olhar para ele mesmo e explorar essas oportunidades.

Nesse sentido, é claro que estamos avançando. O país tem assumido publicamente e politicamente grandes compromissos em relação ao tema e isso também está aliado a maturidade do nosso mercado. O Brasil tem o potencial de se tornar carbono neutro bem antes do que muitos países altamente desenvolvido, apenas com as soluções que já temos por aqui.

A transformação cultural e educação são fatores essenciais. Para a maior parte da população brasileira falar o termo mudanças climáticas, carbono neutro ou biodiversidade não significa nada. Como então podemos querer mudança e adaptação em algo que as pessoas não conhecem? É imperativo extender o olhar para os impactos e no que isso tudo de fato afeta o dia a dia das pessoas, e o que vai acontecer se não agirmos em conjunto.


Visão sistêmica necessária e o papel das empresas

Precisamos reforçar a visão sistêmica nas soluções relacionadas a sustentabilidade. Ao olhar para os ODS por exemplo, não podemos dizer que é necessário apenas acabar com a fome, mas sim precisamos repensar todo o sistema alimentar existente no planeta para ter uma solução efetiva: transformação e disrupção. Nesse ponto, se consideramos o ecossistema empresarial, todos os dias as organizações são bombardeadas por novas demandas do ambiente institucional, como as questões climáticas, discussões sobre biodiversidade, uso de agua, uso de plásticos, temas sociais, etc…É muita coisa (e de fato é)! Porém esses temas não podem ser tratados em silos. Não dá pra pensar apenas em compromissos climáticos sem pensar nos impactos sociais, da mesma forma que não conseguimos falar sobre o uso de plásticos sem alinhar ao cuidado com a água. Tudo está conectado dentro da organização. Dessa forma a abordagem sistêmica é fundamental para encontrar soluções que façam sentido economicamente e tenham uma visão a longo prazo.


O fim da onda ESG

Essa reflexão veio de uma fala do Bruce Usher que mais me chamou a atenção. Talvez você tenha acompanhado algumas menções por ai a respeito do movimento anti-ESG que vem acontecendo. Confesso que eu achei que era algo pequeno ou casos isolados, porém chegando aqui nos Estados Unidos, pude perceber que de fato esse movimento está no centro do mercado, inclusive nas discussões políticas especialmente nesse momento pré eleições americanas. Uma rejeição crescente ao termo ESG tem feito empresas a eliminarem esse termo do seu vocabulário, em um conceito que já é chamado de green-hushing, que significa de forma resumida fazer mais e falar menos.

De fato, existe uma resistência ao termo ESG e alguns atores do setor financeiro aqui mencionam que de fato talvez o termo esteja em decadência: o mercado se move aonde está o interesse de capital: se existe rejeição a uma categoria de investimento, é hora de mudar o foco, afinal de contas a proteção do capital é essencial. Porém, isso não significa que os princípios relacionados a ESG vão deixar de existir. Pelo contrário, a abordagem de riscos de investimento em temas conectados a ESG continuam a crescer. Olhar para riscos climáticos dentro do negócio ou riscos sociais na cadeia de suprimento, por exemplo, não são decisões políticas ou ideológicas, e sim risco de capital.


Os fatos são inegáveis. Uma mudança na forma de gerenciar as empresas já começou e está avançando rápido. Considerar as dimensões ambientais, sociais e de governança passam a fazer parte do que o negócio é e deixam de ser tratadas como algo a parte. Deixamos uma era de competitividade somente, para uma era de competitividade colaborativa ou colaboração competitiva, que nada mais é do que aquele antigo ditado popular: “estamos todos no mesmo barco”. Precisamos remar juntos rumo ao desenvolvimento sustentável para garantir um planeja justo, inclusivo e habitável para as nossas e as próximas gerações.

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