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ESG no Brasil em 2025: O que esperar? Alguns insights e tendências.

Atualizado: 24 de fev.




O cenário de ESG (Environmental, Social, and Governance) e sustentabilidade tem evoluído rapidamente no Brasil, refletindo tendências globais, mas com particularidades locais. Em 2025, as empresas brasileiras precisarão estar atentas a uma série de desenvolvimentos que impactarão suas operações, cadeias de valor e reputação. Baseado em uma lista lançada recentemente pela Harvard Law School, a seguir, listo 10 pontos principais para a realidade brasileira:


1. Desdobramentos nos EUA e Impactos no Brasil

A política ESG nos EUA, especialmente sob o novo governo Trump, pode influenciar indiretamente o Brasil. Empresas brasileiras que operam no mercado norte-americano ou têm relações comerciais com empresas dos EUA podem enfrentar pressões relacionadas a regulamentações ESG mais flexíveis ou divergentes. Além disso, o aumento do escrutínio sobre práticas anticompetitivas e greenwashing nos EUA pode servir como um alerta para empresas brasileiras que exportam para esse mercado.

Por aqui é importante monitorar como as mudanças nas políticas dos EUA podem afetar suas operações, especialmente em setores como agronegócio, mineração e energia, que são altamente dependentes do comércio internacional.


2. Desenvolvimentos na União Europeia 

A União Europeia continua a ser um dos mercados mais rigorosos em termos de regulamentações ESG. Apesar do aumento das críticas de alguns países da região, a Diretiva de Due Diligence de Sustentabilidade Corporativa (CSDDD) e o Regulamento de Desmatamento da UE (EUDR) estão avançando e terão impactos significativos no Brasil, especialmente para empresas exportadoras de commodities como soja, carne bovina e minérios.

O Brasil precisará se adaptar às exigências de rastreabilidade e sustentabilidade da UE, o que pode exigir investimentos em tecnologia e certificações. Empresas que não cumprirem essas normas podem perder acesso ao mercado europeu, um dos mais importantes para o agronegócio brasileiro.


3. Obrigatoriedade de relatórios ESG

Em 2025, a tendência global de relatórios ESG obrigatórios também chegará por aqui com mais força. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) já vem exigindo maior transparência das empresas listadas em bolsa, e é provável que essas exigências se intensifiquem. Além disso, o International Sustainability Standards Board (ISSB) pode influenciar as normas brasileiras, exigindo que as empresas divulguem dados mais detalhados sobre suas práticas ESG. 

O momento é crucial para o investimento em sistemas de coleta de dados e processos de governança para atender a essas demandas, especialmente em setores como energia, mineração e agronegócio, que são altamente impactados por questões ambientais e sociais.


4. Cadeias de Valor 

O reshoring e o near-shoring são tendências globais que também nos afetam por aqui. Com as tensões geopolíticas e as interrupções na cadeia de suprimentos, empresas globais podem buscar fornecedores mais próximos, o que pode beneficiar o Brasil em setores como manufatura e agronegócio. No entanto, isso exigirá que as empresas brasileiras garantam a sustentabilidade de suas cadeias de valor, especialmente em relação ao desmatamento, trabalho escravo e condições de trabalho.

A rastreabilidade será um fator crítico, especialmente para empresas que exportam para a UE e os EUA. O investimento em tecnologias como blockchain e sistemas de monitoramento se tornarão algo essencial para garantir a conformidade com as exigências internacionais.


5. O foco nos Temas Ambientais "Tradicionais" 

Temas ambientais como controle da poluição, gestão de resíduos e uso de produtos químicos ganharão ainda mais destaque nesse ano. A pressão por práticas mais sustentáveis no agronegócio, por exemplo, já é uma realidade, com consumidores e investidores exigindo maior transparência sobre o uso de pesticidas e fertilizantes.

Além disso, a gestão de resíduos plásticos e a economia circular serão áreas-chave, especialmente com a crescente conscientização sobre o impacto ambiental do plástico. Empresas brasileiras precisarão investir em tecnologias limpas e práticas sustentáveis para se manterem competitivas.


6. Net Zero e Planos de Transição 

O compromisso com metas de net zero continuará a crescer, especialmente no setor de energia, onde a transição para fontes renováveis já está em andamento. Empresas de setores como mineração, siderurgia e transporte também precisarão adotar planos de transição claros para reduzir suas emissões de carbono.

A pressão por relatórios detalhados sobre o progresso em direção ao net zero será cada vez maior, especialmente para empresas que buscam atrair investidores internacionais. O Brasil tem um grande potencial para se destacar na transição energética, mas precisará de investimentos significativos em infraestrutura e tecnologia.


7. A Importância da Inteligência Artificial

A inteligência artificial (IA) será uma ferramenta essencial para as empresas brasileiras que buscam melhorar seus relatórios e práticas de ESG. Em um país com cadeias de valor complexas e desafios logísticos, a IA pode ajudar a coletar e analisar dados de forma mais eficiente, permitindo que as empresas identifiquem e mitiguem riscos ambientais e sociais.

No entanto, o uso de IA também traz desafios, como o consumo de energia e questões de privacidade. A discussão é crescente sobre a necessidade de desenvolver políticas claras para o uso responsável da IA, garantindo que as soluções tecnológicas estejam alinhadas com as melhores práticas de ESG.


8. Política Antitruste e ESG no Brasil

No Brasil, a interseção entre política antitruste e ESG ainda está em estágio inicial, mas tende a crescer à medida que as empresas adotam práticas sustentáveis. Reguladores podem começar a examinar se colaborações entre empresas para promover metas ESG podem levar a práticas anticompetitivas.

É um tema bastante complexo e uma discussão relativamente nova por aqui, mas é importante estar atento a esse risco especialmente em setores como energia e agronegócio, onde a colaboração para reduzir emissões ou promover práticas sustentáveis pode ser vista como uma barreira à concorrência (Mais a frente quero falar melhor sobre isso! ).


9. Greenwashing e Litígio 

O risco de greenwashing e litígios relacionados a ESG está aumentando no Brasil, especialmente com a maior conscientização dos consumidores e investidores. Empresas que fazem alegações enganosas sobre sustentabilidade podem enfrentar ações judiciais e danos à reputação.

Para mitigar esses riscos, é essencial a adoção de processos robustos de verificação e comunicação transparente. Isso inclui garantir que os relatórios ESG sejam precisos e baseados em dados concretos, além de envolver as partes interessadas para construir confiança.


10. Biodiversidade e Capital Natural 

É fato que temos um dos países mais biodiversos do mundo e temos um papel crucial na preservação dos ecossistemas naturais. Em 2025, a biodiversidade e o capital natural serão áreas de foco crescente, especialmente após a COP16 da Convenção da ONU sobre Biodiversidade e a chegada da COP 30 a Amazônia.

Já vivemos uma realidade onde a integração de considerações a respeito da biodiversidade nas estratégias de sustentabilidade das organizações. Isso pode incluir colaboração com organizações de conservação, investimento em soluções baseadas na natureza e engajamento com comunidades locais para promover práticas sustentáveis de uso da terra.


O cenário de ESG no Brasil em 2025 será desafiador, mas também repleto de oportunidades. As empresas precisarão adotar abordagens estratégicas e integradas para ESG, investindo em tecnologia, transparência e colaboração com as partes interessadas. Ao se manterem informadas e proativas, as organizações brasileiras poderão navegar pelas complexidades do ESG e se posicionar para o sucesso em um ambiente global cada vez mais exigente.


E você, como observa tudo isso?

 
 
 

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